[Na imprensa] Metrópoles: ROTA DA FUMAÇA
O império do cigarro clandestino que escraviza, mata e dá desfalque bilionário à economia.
por Carlos Carone, Mirelle Pinheiro e Vinícius Schimidt
Incrustado no extremo norte da América do Sul, o Suriname se tornou um dos principais pontos para o contrabando de cigarros paraguaios, segundo investigações da Polícia Federal. Toneladas de fumo de baixíssima qualidade desembarcam ilegalmente em solo brasileiro e abarrotam o mercado ilegal nas cinco regiões do país. Desconhecida por boa parte da população, a rota marítima nasce no Paraguai e navega por quase todo o Hemisfério Sul até aportar na costa brasileira.
O “império da fumaça” não só se movimenta pelo mar. No Sudeste brasileiro e em fazendas de Minas Gerais, o modelo de negócio paralelo que causa um rombo bilionário à economia brasileira ainda conta com mão de obra escrava.
Para esta reportagem especial, o Metrópoles viajou quase 3 mil quilômetros, passando por Minas Gerais, Pará e Suriname, para mostrar as engrenagens do mercado criminoso do cigarro sem nota fiscal – que, além de impedir a arrecadação de bilhões em impostos, ainda coloca em risco a vida de quem o consome.
Como as rotas tradicionais já são amplamente conhecidas, as quadrilhas especializadas nesse tipo de delito escolheram, como um dos principais pontos de apoio, a quente e úmida capital surinamesa, Paramaribo. Com quase 500 mil habitantes, a cidade não impõe tanta repressão ao contrabando e descaminho.
A fronteira entre o Brasil e o Suriname, fixada pelo Tratado de 1906 com a Holanda, é uma linha de 593 quilômetros de extensão. Mas os contrabandistas ignoram o trajeto que seria mais “fácil e simples”. Barcos pesqueiros, com tripulação majoritariamente brasileira, costumam margear toda a costa brasileira e atracam em portos clandestinos, no Pará ou em estados do Nordeste brasileiro. No entanto, essa história começa a 3.052 quilômetros de distância, ainda em terreno paraguaio.
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